domingo, 8 de abril de 2007

O Mar...

Hoje estou toda maritima, com aquela maresia que insistia em grudar em mim quando ficava um longo tempo a andar na avenida beira-mar, contemplando as ondas quebrando naquela ilha de pedras lá longe ao meio... Há quanto tempo longe do mar estou. Pego emprestado de Sophia sua Inscrição “Quando eu morrer, voltarei para buscar os instantes que não vivi junto do mar”.

Do mais dentro de mim...

"Encontro, algures na minha natureza, alguma coisa que me diz que não há nada no mundo que seja desprovido de sentido, e muito menos o sofrimento. Essa qualquer coisa, escondida no mais fundo de mim, como um tesouro num campo, é a humildade. É a última coisa que me resta, e a melhor (...). Ela veio-me de dentro de mim mesmo e sei que veio no bom momento. Não teria podido vir mais cedo nem mais tarde. Se alguém me tivesse falada dela, tê-la-ia rejeitado. Se ma tivessem oferecido, tê-la-ia rejeitado (...). É a única coisa que contém os elementos da vida, de uma vida nova (...). Entre todas as coisas ela é a mais estranha (...). É somente quando perdemos todas as coisas que sabemos que a possuímos."

(Oscar Wilde, in "De Profundis")

quinta-feira, 22 de março de 2007

Quo Vadis?

“-Você viaja para rever o seu passado? Ou,será
que você viaja para reencontrar o seu futuro?
E a resposta de Marco:
Os outros lugares são espelhos em negativo.
O viajante reconhece o pouco que é seu descobrindo
O muito que não teve e o que não terá.”
(Ítalo Calvino)

segunda-feira, 19 de março de 2007

Olhares e divagações I




Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar...
(Vinicius de Moraes)


Na África do Sul existem tribos onde as pessoas se saúdam utilizando a expressão sawa bona que significa, “Te vejo”. Ao receber esta saudação, devemos responder sikhona, “Estou aqui”. Fazendo parte do espírito do Ubuntu, essa troca significa que até você me ver, eu não existo. É o seu olhar que me faz existir.

(imagem: "colagem" by Iêda)

terça-feira, 6 de março de 2007

Ubuntu

Aprendi esta nova palavra, de origem africana: Ubuntu. A ouvi em um filme com o Samuel L Jackson e Juliete Binoche ( "Em Minha Terra"). Achei fantástica a força da idéia presente nela. Ubuntu nos diz que "uma pessoa é uma pessoa através das outras pessoas" e que nos tornamos humanos através do outro. O indivíduo é definido em termos de suas várias relações com os outros.






"A traveller through our country would stop at a village, and he didn't have to ask for food or for water. Once he stops, the people give him food, entertain him. That is one aspect of Ubuntu but it'll have various aspects. Ubuntu does not mean that people should not enrich themselves. The question therefore is: Are you going to do so in order to enable the community around you to improve?” (Mandela)

(figura: montagem realizada por mim, a partir de figura do powerpoint)

Quem não dança, dança.


Dançar. Conhecer e reconhecer limites, acertar os passos, aprender novos movimentos. A dança faz parte do cotidiano, de celebrações e rituais, faz parte da vida. Reflete os tempos e humores que passamos, sofremos. Expressa pensamentos e desejos que às vezes não conseguimos dizer de outro modo. Pode também ficar trancada, contida em nosso corpo (e o que esse gesto reprimido diria de nós?). O corpo é aquele que temos no momento, com seu tornozelo frágil, seus quilos a mais, tímido, alegre, com todas as marcas que fomos ganhando pela vida. Pode ser abrir as asas e soltar as feras na pista. Exorcizar. Encontrar significado no movimento. Para mim é tomar contato consigo mesmo, esvaziar a cabeça, inventar-se, imaginar o próximo passo ao final deste, equilibrar-se. Ir além dos passos básicos aprendidos nas aulas, criar a própria coreografia. Quem inventa seu próprio chão, busca o ritmo que quer na vida, dança a vida, conduz, arrisca-se em novos passos, sem medo de cair ou tropeçar.

Acho que o bom da vida é que nada tem que ser o que é para todo o sempre. Poder se reinventar, se (re)construir é maravilhoso, embora não seja fácil. Aliás, mudar é um processo bem doloroso. Mesmo quando se deseja. Como na dança, embora um prazer, podemos ter umas dores no meio do caminho - quedas, torções, falta de preparo para “aquele” passo. Sentir-se fluindo, no ritmo, no controle do corpo e do movimento compensa o esforço.

(foto: montagem feita por mim a partir de fotos do clip do powerpoint)

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

A Borboleta bateu asas


Babel, Brad, Japan, Mexico, som, cores, tiro, afetos, água, sangue, o bater de asas do outro lado que nos faz pensar nas luzes multicores e as vidas em cada janela - tudo tão perto e tão longe, invadindo, ligando, revelando a teia invisivel que sustenta o ar.